Encaminhando e Desencantando
Caiu-me nos olhos o lançamento de um livro que há muito esperava, mesmo não tendo a mínima idéia de que ele seria lançado.
Explico.
Bão, há muito eu desconfiava de milhares e vários e inúmeros textos que recebia encaminhados pela internet. Autores consagrados como Drummond, Millôr, Jabor e - o campeão de todos - Luis Fernando Veríssimo tinham imputados em suas reputações textos que versavam sobre inúmeros assuntos.
Como todo mundo pode saber, a internet é terra de ninguém. Dito isso, não há problema em receber um texto de um poeta consagrado que diga coisas bonitas. O problema, na minha humilde opinião, é dizer que um texto é de alguém sem ao menos avisar a esse alguém que esse texto foi escrito por esse mesmo alguém.
Algumas coisas chegam a ser ridículas: recebi um pps com um texto de autoria atribuída a Fernando Pessoa. Quando vi Fernando Pessoa dizendo para "curtir a vida", desisti, fechei portas e janelas e agora desconfio de tudo.
Pois bem, no Sem Censura que abriu essa semana eu vi uma entrevista com a jornalista Cora Rónai, que estava lançando o livro a que me referi no início deste texto. Esse livro procura corrigir algumas coisas relativas a esse problema praticamente insolúvel. Ele traz os textos campeões de encaminhamento via i-meio e seus verdadeiros autores, além das autorias "falsas" (atribuídas) e até alguns depoimentos dos autores famosos injustiçados, falando sobre os textos que não escreveram.
Boa leitura e esclarecedora, principalmente em tempos de banalização do encaminhamento de "Mensagens Lindas".
Em tempo: Bunda Dura, Diga não às Drogas, No caminho e O Direito ao Palavrão não são de Arnaldo Jabor, Veríssimo, Maiakóvski e Millôr, respectivamente.
Então, queridos e queridas, desconfiem da própria sombra ao receberem textos encaminhados atribuídos a autores consagrados. Comprem o livro do autor admirado ou peguem emprestado em bibliotecas públicas. Literatura não é auto-ajuda e nem música pra relaxar. Provoquemos.
Agora, ao final, a pergunta surge: será que esse texto é meu mesmo?
Ósculos e amplexos. Vários.
Alex Manzi.
Serviço: o livro citado se chama Caiu na Rede, com organização de Cora Rónai, e saiu pela Editora Agir. O preço? Mais ou menos 25 reais.
19 Comments:
Fala Alex como você está? Estou pasando aqui para te desejar um Bom Final de Semana...Abraços
Tem dois desses casos que tenho especial antipatia:
1) Aquele texto "Eu sei, mas não devia", que é da Marina Colasanti e faz parte de um livro pelo qual ela recebeu prêmio Jabuti. O tal circula na net como sendo da Clarice Lispector. Respeito Clarice muitíssimo, mas esse texto é da Marina.
2) O poema do Edson Marques chamado "Mude", também atribuído, no mundo virtual, à Clarice.
Não bastasse o gênio dela, ainda é preciso atribuir a ela a genialidade de outros?
Ah, não... não acho bom!
Por essas e outras que nunca leio e-mails de Power Point. Deleto sem abrir. E quando vejo que são esses poemas ou "ditos sábios", só corro o olho e deleto logo. Em alguns casos é melhor a gente continuar à moda antiga: PAPEL!!!
Henrique, que boa surpresa sua visita aqui. Passe sempre por aqui, meu velho. Estarei esperando.
Abração de fim-de-semana!!!
Carmencita,
Existem vários outros que não estão no livro que citei. Há casos gritantes, principalmente no caso do Veríssimo, em que você percebe o estilo diferente do autor.
Como disse, chegam a ser ridículas algumas coisas que recebemos. Ditos sábios, mensagens lindas, lições de vida...
Desse jeito o livro nunca morre mesmo. Graças a Jeová!
Beijos.
Brilhante! Nao tenho outra palavra em mente pra descrever "Encaminhando e Desencantando".
Amplexozinhos!
Vanessinha.
Vanessilda! Que bom que gostaste. Toda semana tem coisa nova por aqui. Volte sempre aqui no meu buteco.
Osculozinhos!
Paulinha, acho que a sua teoria está bem certa. Mas por que não se expor, dar a cara a tapa, mostrando o nome em textos que, às vezes, são bem bacanas mesmo? É certo que muitos deles são cópias do estilo do autor famoso, mas outros têm personalidade suficiente, não é mesmo?
Obrigado pela visita e pelos elogios.
Beijão.
Irmãozinho, seu site já virou leitura obrigatória! E o melhor, nessa semana já saiu dois, derrubando a promessa de "um por semana". É isso aí! É muito bom te ler! Abração!
ps... acho que vou entrar nessa também...
Alan-meu-pai-meu-irmão! Obrigado por estar sempre aí. É ótimo saber que vocês estão sempre passando por aqui. Se quiser espalhar a notícia, fique a vontade, bicho.
Agora, a melhor notícia de todas é te ter na aldeia blogal juntinho de nós, de braço dado. Faz esse blog logo, menino!
Seja bem-vindo. Evoé!
Abraçocas.
É Álex Frontman, tenha certeza que isso acontece também em áreas específicas... Lá na Fisioterapia, por exemplo, muitos textos sem autoria com descrição de técnicas diversas são atribuidos a autores famosos, sabe-se lá porquê. Já é difícil encontrar textos confiáveis. Bom, lembremos que a própria Bíblia tem suas fraudes né, então essa história é antiga. Uhm.. A propósito, Stand By Me não é do John Lennon!
Olá Aléquis. I've got a new post. Só vc que vai comentar, mas tudo bem. Não sei pq insiste para que eu tenha meu blog!!!
BeijoS!
Samiro! Eu sei que Stand by Me não é do John Lennon. Você deve ter lido isso na lista do nosso repertório, né? Eu coloquei só como referência, pois a gravação mais famosa é do João.
Essa questão dos textos é bem complicada, canhotinho. Confiar mesmo, só no livro de papel, comprado na loja ou emprestado. Internet é terra de ninguém mesmo. O velho oeste cibernético.
Abração e obrigado pela visita.
Arthurzinho Maia, fui ao seu blog e vi porque insisto em ler textos seus. A prosa poética tem mais uma casa na rede.
Seja fiel aos seus leitores e atualize o buteco sempre, hein?
Ósculos de boas-vindas!
Aléquis,
Já que és socialite dos blogs, me insira na galera, hehe
Farei isso, menino de Santa Tereza. Farei com muito gosto.
Abraçocas.
O pior é que eles colocam uns textos mais chinfrins e dão autorias à Pessoa, Veríssimo, Clarice Lispector, entre outros. Deve ser ou pra dar credibilidade à própria obra ou pra as pessoas lerem por se tratar de um autor famoso. Injustificável, ninguém merece!
Tenho pensado que a segunda opção seja a mais usada, Johnny Boy. Pra chamar a atenção pra textos ruins, né?
Outra coisa ridícula é colocar o nome do Veríssimo em textos de auto-ajuda beeeeeem rasteiros, falando de religião e afins.
Abraços.
É verdade.
Mas pra nós, que temos um nínimo conhecimentozinho de determinados autores, fica fácil saber.
Tem um Sempre um Papo com o Veríssimo com um trechoi divertidíssimo sobre isso.
Se interessar: http://www.sempreumpapo.com.br/mondolivro/?page_id=2629
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