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"Livros, discos, vídeos à mancheia! E deixe que digam, que pensem, que falem..."

sexta-feira, março 17, 2006

Encaminhando e Desencantando

Caiu-me nos olhos o lançamento de um livro que há muito esperava, mesmo não tendo a mínima idéia de que ele seria lançado.

Explico.

Bão, há muito eu desconfiava de milhares e vários e inúmeros textos que recebia encaminhados pela internet. Autores consagrados como Drummond, Millôr, Jabor e - o campeão de todos - Luis Fernando Veríssimo tinham imputados em suas reputações textos que versavam sobre inúmeros assuntos.

Como todo mundo pode saber, a internet é terra de ninguém. Dito isso, não há problema em receber um texto de um poeta consagrado que diga coisas bonitas. O problema, na minha humilde opinião, é dizer que um texto é de alguém sem ao menos avisar a esse alguém que esse texto foi escrito por esse mesmo alguém.

Algumas coisas chegam a ser ridículas: recebi um pps com um texto de autoria atribuída a Fernando Pessoa. Quando vi Fernando Pessoa dizendo para "curtir a vida", desisti, fechei portas e janelas e agora desconfio de tudo.

Pois bem, no Sem Censura que abriu essa semana eu vi uma entrevista com a jornalista Cora Rónai, que estava lançando o livro a que me referi no início deste texto. Esse livro procura corrigir algumas coisas relativas a esse problema praticamente insolúvel. Ele traz os textos campeões de encaminhamento via i-meio e seus verdadeiros autores, além das autorias "falsas" (atribuídas) e até alguns depoimentos dos autores famosos injustiçados, falando sobre os textos que não escreveram.

Boa leitura e esclarecedora, principalmente em tempos de banalização do encaminhamento de "Mensagens Lindas".

Em tempo: Bunda Dura, Diga não às Drogas, No caminho e O Direito ao Palavrão não são de Arnaldo Jabor, Veríssimo, Maiakóvski e Millôr, respectivamente.

Então, queridos e queridas, desconfiem da própria sombra ao receberem textos encaminhados atribuídos a autores consagrados. Comprem o livro do autor admirado ou peguem emprestado em bibliotecas públicas. Literatura não é auto-ajuda e nem música pra relaxar. Provoquemos.

Agora, ao final, a pergunta surge: será que esse texto é meu mesmo?

Ósculos e amplexos. Vários.

Alex Manzi.
Serviço: o livro citado se chama Caiu na Rede, com organização de Cora Rónai, e saiu pela Editora Agir. O preço? Mais ou menos 25 reais.

19 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Fala Alex como você está? Estou pasando aqui para te desejar um Bom Final de Semana...Abraços

8:57 AM  
Blogger Carmen said...

Tem dois desses casos que tenho especial antipatia:

1) Aquele texto "Eu sei, mas não devia", que é da Marina Colasanti e faz parte de um livro pelo qual ela recebeu prêmio Jabuti. O tal circula na net como sendo da Clarice Lispector. Respeito Clarice muitíssimo, mas esse texto é da Marina.

2) O poema do Edson Marques chamado "Mude", também atribuído, no mundo virtual, à Clarice.

Não bastasse o gênio dela, ainda é preciso atribuir a ela a genialidade de outros?

Ah, não... não acho bom!

Por essas e outras que nunca leio e-mails de Power Point. Deleto sem abrir. E quando vejo que são esses poemas ou "ditos sábios", só corro o olho e deleto logo. Em alguns casos é melhor a gente continuar à moda antiga: PAPEL!!!

10:28 AM  
Blogger Alex Manzi said...

Henrique, que boa surpresa sua visita aqui. Passe sempre por aqui, meu velho. Estarei esperando.

Abração de fim-de-semana!!!

10:39 AM  
Blogger Alex Manzi said...

Carmencita,

Existem vários outros que não estão no livro que citei. Há casos gritantes, principalmente no caso do Veríssimo, em que você percebe o estilo diferente do autor.

Como disse, chegam a ser ridículas algumas coisas que recebemos. Ditos sábios, mensagens lindas, lições de vida...

Desse jeito o livro nunca morre mesmo. Graças a Jeová!

Beijos.

10:44 AM  
Anonymous Anônimo said...

Brilhante! Nao tenho outra palavra em mente pra descrever "Encaminhando e Desencantando".

Amplexozinhos!
Vanessinha.

8:37 PM  
Blogger Alex Manzi said...

Vanessilda! Que bom que gostaste. Toda semana tem coisa nova por aqui. Volte sempre aqui no meu buteco.

Osculozinhos!

12:21 PM  
Blogger Alex Manzi said...

Paulinha, acho que a sua teoria está bem certa. Mas por que não se expor, dar a cara a tapa, mostrando o nome em textos que, às vezes, são bem bacanas mesmo? É certo que muitos deles são cópias do estilo do autor famoso, mas outros têm personalidade suficiente, não é mesmo?

Obrigado pela visita e pelos elogios.

Beijão.

12:26 PM  
Anonymous Anônimo said...

Irmãozinho, seu site já virou leitura obrigatória! E o melhor, nessa semana já saiu dois, derrubando a promessa de "um por semana". É isso aí! É muito bom te ler! Abração!

8:12 PM  
Anonymous Anônimo said...

ps... acho que vou entrar nessa também...

8:13 PM  
Blogger Alex Manzi said...

Alan-meu-pai-meu-irmão! Obrigado por estar sempre aí. É ótimo saber que vocês estão sempre passando por aqui. Se quiser espalhar a notícia, fique a vontade, bicho.

Agora, a melhor notícia de todas é te ter na aldeia blogal juntinho de nós, de braço dado. Faz esse blog logo, menino!

Seja bem-vindo. Evoé!

Abraçocas.

9:22 PM  
Anonymous Anônimo said...

É Álex Frontman, tenha certeza que isso acontece também em áreas específicas... Lá na Fisioterapia, por exemplo, muitos textos sem autoria com descrição de técnicas diversas são atribuidos a autores famosos, sabe-se lá porquê. Já é difícil encontrar textos confiáveis. Bom, lembremos que a própria Bíblia tem suas fraudes né, então essa história é antiga. Uhm.. A propósito, Stand By Me não é do John Lennon!

10:51 PM  
Blogger Arthur Petrillo said...

Olá Aléquis. I've got a new post. Só vc que vai comentar, mas tudo bem. Não sei pq insiste para que eu tenha meu blog!!!

BeijoS!

11:50 PM  
Blogger Alex Manzi said...

Samiro! Eu sei que Stand by Me não é do John Lennon. Você deve ter lido isso na lista do nosso repertório, né? Eu coloquei só como referência, pois a gravação mais famosa é do João.

Essa questão dos textos é bem complicada, canhotinho. Confiar mesmo, só no livro de papel, comprado na loja ou emprestado. Internet é terra de ninguém mesmo. O velho oeste cibernético.

Abração e obrigado pela visita.

12:30 AM  
Blogger Alex Manzi said...

Arthurzinho Maia, fui ao seu blog e vi porque insisto em ler textos seus. A prosa poética tem mais uma casa na rede.

Seja fiel aos seus leitores e atualize o buteco sempre, hein?

Ósculos de boas-vindas!

12:43 AM  
Blogger Arthur Petrillo said...

Aléquis,

Já que és socialite dos blogs, me insira na galera, hehe

3:18 PM  
Blogger Alex Manzi said...

Farei isso, menino de Santa Tereza. Farei com muito gosto.

Abraçocas.

5:10 PM  
Anonymous Anônimo said...

O pior é que eles colocam uns textos mais chinfrins e dão autorias à Pessoa, Veríssimo, Clarice Lispector, entre outros. Deve ser ou pra dar credibilidade à própria obra ou pra as pessoas lerem por se tratar de um autor famoso. Injustificável, ninguém merece!

6:41 PM  
Blogger Alex Manzi said...

Tenho pensado que a segunda opção seja a mais usada, Johnny Boy. Pra chamar a atenção pra textos ruins, né?

Outra coisa ridícula é colocar o nome do Veríssimo em textos de auto-ajuda beeeeeem rasteiros, falando de religião e afins.

Abraços.

10:42 PM  
Blogger Thaís Pacheco said...

É verdade.
Mas pra nós, que temos um nínimo conhecimentozinho de determinados autores, fica fácil saber.

Tem um Sempre um Papo com o Veríssimo com um trechoi divertidíssimo sobre isso.

Se interessar: http://www.sempreumpapo.com.br/mondolivro/?page_id=2629

1:48 PM  

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