Nalvinha, Boto, Amazônia, Manzi, Minas, Espírito Santo
Recebi um convite que me emocionou muito, de verdade verdadeira. Nalvinha de Souza, amiga, capixaba, mineira, contadora de histórias, artista-enfim, me chamou para, no dia 10 próximo, num encontro que acontecerá no Teatro Dom Silvério, apresentar "algo" com ela.
Esse "algo" teria que tratar da Amazônia...
Então, depois de vivermos e conversarmos e respirarmos o que esse trabalho queria de nós, estamos quase prontos. Será uma pequena mas mui intensa apresentação, que servirá de abertura para o evento. Entre vinhetas e fragmentos de canções, apresentaremos dois textos: Saga da Amazônia, de Vital Farias, e Lenda de Boto, que escrevi baseado na famosa lenda amazônica.
Óia só:
LENDA DE BOTO
Diz que nas molhada da floresta
não se sabe o que é festa
quando começa, assim num clima solto,
a contar história de boto.
O bichinho não tem culpa, coitado,
de ser animal encantado,
e, longe da vista de pai zeloso
conseguir certas coisa de modo... carinhoso...
Contam que não é de qualquer jeito.
Precisa ser certo dia, certa lua, certo feito
pro tal aprontar de com força
e colorir os óio das moça.
E daí que ficam no feitiço,
correndo risco, sem jeito no ofício.
E, vestido encurtando e encurtando,
pai e mãe sabendo que tudo tá mudando...
Diz também que o moço-boto é elegante
de charme brilhante,
de olho piscante.
Mas que o chapéu da cabeça num sai!
E se sai, o disfarce cai
e é hora do tal moço-apessoado
correr trecho,
fincar no nado.
E quando moça sozinha
se perde na mata
na moita
no mote
é que a sapiência do povo dá o bote
e, falando da cria nova, como coral que junta o torto e o maroto:
- É filho de boto.
- É... Filho de boto...
Ósculos e amplexos para quem for de.
Alex Manzi.
p.s.: por ser evento fechado não divulgo horário, mas é sempre bom dividir alegria com os outros, não é?
10 Comments:
ola meu caro amigo, tudo bem? parabens pelo evento. sucesso e boa sorte lá. pena que os amigos nao possam ir.
beijao pro ce.
edimilson mendonca
Eu também queria ir, mas respeito o "fechamento" do evento. Considerando o quão legais são os envolvidos devem ter um bom motivo para fazer a coisa para público restrito. Entretanto não posso deixar de pedir que façam um dia para mais gente. Pedir não ofende e quem não chora não mama, né?
Beijão.
Barbudão
Já fui boto nas festas de junho quando estive na Amazônia para festejar o nascimento de Santo Antonio, São João e São Pedro. Depois das fogueiras, dos foguetes, das comidas típicas e das danças de quadrilhas ao som das sanfonas, me transformei num elegante e bonito rapaz e usando um chapéu para tampar minhas narinas conquistei, encantei e seduzi a primeira jovem bonita encontrei. Levei-a para o fundo do rio. O resto você já sabe.
Reza a lenda que o danado do boto seduz as mocinhas cândidas na terceira lua cheia do ano e que o grito de prazer das infelizes faz uivar todos os cães dos vilarejos beira rio.(acabei de inventar!)Porém a verdadeira história do boto é de uma crueldade social assombrosa.A narrativa é inventada pelos pais das cândidas mocinhas para justificar uma gravidez inexplicavel, já que tais mocinhas não desfrutam da companhia de rapazes,visto que muitas famílias ainda moram sozinhas nas profundezas da floresta.
Quando a criança nasce com deformidades, coerente com o incesto, o maldito estuprador fala que a culpa é do boto.Pobre bichinho...
Mas a lenda é perfeita!
Beijos.
Millene
Alex,
O acaso e o google me trouxeram aqui.
Deliciosamente.
Aumentou a saudade enorme que tenho de Minas!
Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as.
Abraços, flores, estrelas..
Eddie!
Meu nobilíssimo! Pena mesmo que foi um evento fechado. Esse trabalho que estou desenvolvendo com Marinalva quase sempre é assim.
Mas estamos pensando já num espetáculo aberto, em local ainda a definir, que possa abarcar todos.
Beijão, meu velho.
Carmencita de mi corazón.
Pois é... Já estamos pensando nisso. Seria muito bacana fazer uma apresentação maior e isso pode virar realidade ainda nesse ano.
Veremos. Cobre de nós. Pague pra ver.
Ósculos desafiados.
Coréio.
Continue assim. Brilhando na mata fechada do sensorial.
Abrazu.
Millene Querida!
Que bom te ver aqui. Bom mesmo. Passe mais vezes, esclareça mais vezes, dê bastante pitacos, tá?
Você tem razão. A crueldade por trás de história tão poética é estarrecedora.
Se você voltar, te sirvo um chopinho aqui no meu buteco.
Ósculos e ósculos.
Edson,
Estive no seu blog, mas ainda não tive o tempo necessário pra explorá-lo mais e quem sabe, pitacar por lá.
Mas ainda hei de fazê-lo.
Volta, viu?
Grande abraço.
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