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segunda-feira, março 03, 2008

Quanto vale o show?

Fiquei sabendo ontem dos preços dos ingressos dos shows de Bob Dylan em São Paulo:
Platéia VIP e camarote: 900 reais
Platéia 1: 700 reais
Platéia 2 e mezanino lateral: 500 reais
Platéia 3: 400 reais
Platéia lateral: 250 reais
Não é uma maravilha? Eu folgo em saber que todo mundo vai ter acesso ao velho bardo americano; que todos poderão ouvir as canções daquele que ajudou a revolucionar o jeito de fazer canções populares. Que ótimo que muitos chefes de família só gastarão uma pequena parte de seu salário mínimo para ver o fanho mais bacana do rock. E, finalmente, soa-me muito agradável a idéia de que todo brasileiro poderá pagar o ingresso do show daquele que influenciou meio mundo da canção popular.
Ironias à parte, é muito estranho um artista tão engajado e de certa visão crítica sobre a nossa realidade ser tão restrito assim. Não consigo entender o preço de certos ingressos para shows e demais espetáculos no Brasil. Não sei qual o mecanismo perverso que dita o preço desses espetáculos todos (se é o cachê do artista, se é a ganância dos produtores, se é a garantia de procura do público, se é o aluguel da casa de espetáculos), mas tem algo de muito errado aí.
Depois disso, dei uma olhada em alguns espetáculos que estão ou estarão em cartaz aqui em BH. Ei-los:
Paulinho da Viola
8 de Março no Chevrolet Hall
1º setor: R$ 100,00
2º setor: R$ 90,00
Dream Theater
9 de Março no Chevrolet Hall
2º lote: R$ 140,00
Maria Bethânia e Omara Portuondo
4 e 5 de Abril no Palácio das Artes
Platéia I: R$ 160,00
Platéia II: R$ 140,00
Platéia Superior: R$ 120,00
Os preços são proibitivos. Suponhamos que eu queira ir aos três espetáculos e "escolha" pagar os ingressos mais baratos. Pois bem, gastarei exatos R$ 350,00. Sim. Visto que minha namorada tem os mesmos apetites culturais, gastaremos R$ 700,00. Ba-ca-na.
Não estou, de maneira alguma, dizendo que os artistas em questão não valem um investimento. Só acho que os preços de ingressos praticados são muito muito muito altos.
Aí, vem a turma do deixa-disso e diz: "mas há custos altos de viagens na turnê, e etc-etc-etc..." Então como se explicam os preços altíssimos de um espetáculo do quilate do Grupo Corpo, por exemplo? A base deles é aqui em Belo Horizonte mas, quando se apresentam por aqui os preços beiram os dos espetáculos supracitados. Por quê?
Outra questão: por que, quando os espetáculos no Palácio das Artes têm preços populares, não é permitida a escolha de lugares na platéia do Grande Teatro? É esse serviço que encarece os espetáculos? E talvez isso seja papo pra outro post. Ou para os comentários.
Por favor, Queridas e Queridos...
Ósculos e amplexos para quem for de.
Alex Manzi.

6 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Eba! Eu sou o primeiro!
É manzi, o foda é que podem colocar o preço 3.000 reais que, acredite, vai encher de gente lá. É por isso que eles não abaixam mesmo... Mas fico pensando... Não sei qual é a porcentagem recebida pela banda num show desses, mas será que nós, como artistas consagrados e adorados pelo público, iríamos dar bola prum bando de sul-americanos que fica até sem comer pra ir no show? Sei não... Legal mesmo ia ser se houvesse greve de público.. Imagina, show do Bob Dylan e não aparece ninguém? O rei do Folk com cara de tacho... Apesar de que, há rumores de um show gratuito: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u378283.shtml
Beijo grande

6:13 AM  
Blogger blogdeteste said...

Depois dizem que o povão não tem cultura.
E eu sempre me pergunto quem define o que é cultura. O preço de um ingresso? Quanto mais caro, mais cultural?
Cadê nossos patrocinadores a essa hora? Pão de Açúcar, Claro... Cadê?
Servem pra quê?

Quanto à escolha do lugar, isso se chama capitalismo.
No comunismo, todos pagam igual, senta melhor quem chegar primeiro.
No capitalismo, quem tem mais dinheiro paga mais e senta melhor.
Quem não tem, vai pro fundão. E, no caso do Palácio das Artes, pro alto!

7:44 PM  
Blogger Alex Manzi said...

Bem-vindo, K-Paxiano Canhoto!

Que ótimo você por aqui.

Bich, uma greve de público é bacana. O problema é que existe gente endinheirada ou gente pobre que vende a bicicleta pra ir a um show desse porte.

Foi o caso do Dream Theater, nessa semana, aqui em BH. Já tinha gente lá fora da Arena esperando pelo show, cerca de 6 horas antes...

Havia realmente rumores de um show gratuito do Dylan, mas a produção do Fanho descartou essa possibilidade.

Valeu pela presença. E insisto: queremos um blog com seus textos!

Beijão.

12:49 PM  
Blogger Alex Manzi said...

Thaizona!

Tem muita coisa bacana em BH com preço acessível. A Savassi, por exemplo, tem muitas opções de shows de jazz, com músicos de nível, com preços a 10 reais.

O problema são os preços de casas de espetáculos, que "arrancam o couro" do público.

Pena que algumas lógicas do capital sejam tão perversas assim.

Apareça sempre aqui. Eu estou sempre lá.

Beijão.

12:54 PM  
Blogger Unknown said...

Amigo Manzi, aqui sou eu...o seu Aranha preferido!

Pois é...isso me lembra o show "Para Todos", do Chico B. de H. no Palácio das Artes. O ingresso era tão acessível que virou "Para Poucos". Qualquer showzinho de nona categoria no Chevrolet Hall, que deveria mudar o nome para Ferrari Hall, por causa do preço, é R$ 50 a meia entrada. Tá pensando o quê? Você não imagina o churrasco que eu faço com esse valor monetário!

A big hug for all...

5:06 PM  
Blogger Alex Manzi said...

Marquito-Aranha!

Eu me lembro muito bem desse show. O preço foi até notícia na época. Como eu disse, os preços daqui não estão brincadeira mesmo. Mas tem muita coisa de qualidade a preços acessíveis ou mesmo de graça (veja minha resposta à Thaís).

Com 50 bucks a gente aluga uns dvd's de shows e faz o churrasco, não é uma boa?

Big hug, dear fella!

5:12 PM  

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