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segunda-feira, junho 02, 2008

Zorra Total

Sábado passado Tom Zé tocou aqui em BH. Os shows dele são sempre surpreendentes, apesar de alguns números ensaiados (digo isso pois já vi algumas passagens de shows diferentes em que ele faz a mesma coisa, que pode passar por improviso). Mas não sei se é intenção dele que as coisas passem por improviso. O certo é que qualquer show de Tom Zé é uma experiência assaz bacana e criativa e interativa e hiperativa e sei lá mais o quê.
Uma das coisas que acho mais bacanas é a prosa dele e como as letras das canções se costuram com as suas idéias expostas naquela hora. Ele é "Taun Zí" (como os americanos o chamam), um verdadeiro artista que ironiza até a própria condição de artista-pensante-intelectual-sabedor-das-coisas.
E, depois dessa pletora de arte, surpresa e dessa água inquieta anárquica (no bom sentido) de Tom Zé, chego em casa e me deparo com a televisão de minha mãe ligada no final da novela das oito. O meu ódio por novelas eu mal posso esconder, mas isso é assunto pra um próximo post. Por que falo do final da novela? Pra fazer contraponto ao excesso de novidades a que fui submetido no show. Ao contrário, a novela teve mais um daqueles finais iguais, exatamente iguais: com uma enxurrada de casamentos, sorrisos e punições exemplares aos vilões.
E depois da novela, vem o que? O Zorra Total. Sentei-me pra assistir a uns quadros do programa, pois acho que devemos falar mal das coisas com propriedade, apesar também de ser adepto do "não vi e não gostei". Reparei que os quadros se sucedem do mesmo jeito. Os personagens (?) soltam algumas frases conhecidas como bordões e as risadas gravadas da claque rolam soltas. Tudo isso pra, no final, o personagem (!) principal soltar o bordão maior, de pouquíssima inspiração. Tudo muito igual e tedioso, feito uma repartição pública.
A novela tem o nome certo, pois até já usamos esse epíteto como quase um adjetivo, pra denominar situações intermináveis e desagradáveis. Agora, Zorra Total mesmo é o show maravilhoso que Tom Zé faz diante de nossos ouvidos e olhos. O moço, acho, deve ser mais velho que Mick Jagger, mas tem muito mais inventividade e pique físico que o vovô britânico. Só lhe faltam os dólares/libras/euros no bolso.
O show do ex-maldito tropicalista fez com que a noite não fosse estragada pela visão do inferno televisivo e evitou que eu fosse hospitalizado, com o diagnóstico de Tedius Artisticus, mal que, espero, não me aflija tão cedo.
Tom Zé é anarquia e a verdadeira Zorra Total. E uma Zorra ducarái, com o perdão do vocábulo.
Ósculos e amplexos para quem for de.
Alex Manzi.
p.s.: post delicadamente dedicado à Claudinha, que me levou pelo braço ao show do baiano de Irará e me lembra sempre que tenho muito a aprender nesse mundão.
p.s.2: fiquei sabendo que Tom Zé volta a tocar aqui em BH no sábado que vem, numa calourada da PUC. Parece que Os Mutantes também. Parece que Vander Lee também. E parece que mais outros artistas. Mais informações no site do
DCE PUC Minas.

6 Comments:

Blogger Unknown said...

Por que você não mencionou como realmente você ficou sabendo da calourada da PUC? Por que você não vai? Porque você demorou tanto pra colocar este post? Por que finais de novelas têm que ter mortes/nascimentos/casamentos/beijos entre o casal âncora?
Por que eu tô neste post?

11:59 PM  
Anonymous Anônimo said...

Tom Zé é realmente divertido e tal, mas o maior improvisador e showman mr. caos chamava-se Itamar Assumpção. Ali, tudo podia acontecer. Tinha um magnetismo ímpar... Mas mudando de assunto- falo agora sobre "the lost tape". Nossa fita de ensaio polêmica (não no conteúdo, mas que gerou um atrito com nosso guitarrista, lembra?). Acabou que não cheguei a escutá-la,ela está contigo? Acho até que já te perguntei isso antes e acho que você também não tem a mínima idéia do paradeiro dela, enfim...
Abraços iraránianos!

10:03 PM  
Blogger Patrízia Veloso said...

Um dos melhores improvisos dos shows do Tom Zé (dos esperados, claro) é quando ele canta "Augusta, Angélica e Consolação", em que pára tudo para fazer o público dar dobrada atenção à sua mais brilhante estrofe - na visão dele mesmo - que já conseguiu fazer: "Quando eu vi que o largo dos aflitos/ Não era bastante largo/Pra caber minha aflição..." Viu essa?
Ele é espetacular!
Beijo procê

9:43 AM  
Blogger Alex Manzi said...

Marquito.

Nem eu sei porque demoro tanto assim para os meus posts.

Agora, sobre as novelas, esse tipo de repetição merece um post só pra achincalhar.

Abraço.

p.s.: você está neste post por ser um fiel leitor.

10:09 AM  
Blogger Alex Manzi said...

Johnny Boy, parceirito.

Concordo com você que tudo podia acontecer com Itamar no palco. Pude conferir o magnetismo ainda mais salientado pela bela voz que ele tinha.

Quanto à "lost tape", ela realmente está "lost". Não está comigo e pode ser que esteja com Aluísio. Também não sei, pois há muito não falo com ele. Retomando o contato, te aviso.

Abraço grande e deixe de ser sumido.

10:13 AM  
Blogger Alex Manzi said...

Pat do Planalto!

Nesse show ele também fez isso. E quem canta essa parte é o baixista dele. Ele repete umas três vezes.

E realmente esse verso é inspiradíssimo. Que sacada genial. Genial como ele.

Beijoca.

10:14 AM  

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