mancheia

"Livros, discos, vídeos à mancheia! E deixe que digam, que pensem, que falem..."

segunda-feira, abril 04, 2011

Sobre as coisas escondidas e bacanas que andam por aí...

(Importante: conforme avisei no twitter, eu estava tentando dar comodidade aos leitores deste buteco virtual, já incorporando os vídeos aqui na página. Mas o Blogger não estava permitindo. A página não carregava, travava e etceteras. Então, coloquei os links para o youtube. Espero que se divirtam do mesmo jeito.) Vamos ao post propriamente dito:


Eu adoro Música Popular, a canção que toca no rádio, que é reconhecida nas ruas, que o povo assovia no ônibus. Mas não fico preso somente a isso. Gosto da pesquisa e das descobertas que vêm dela. E fico pasmo como muita coisa que é desconhecida pelo grande público não está nas ruas, nas rádios, no Faustão. Os 3 artistas que listo aqui hoje têm, na minha humilde opinião, potencial e características que seriam mui interessantes dos ouvidos viciados do povo conhecerem. São artistas cujos trabalhos "pegariam" de primeira os ouvidos preguiçosos de muita gente. E isso abre a discussão: a mídia apresenta só um determinado tipo de coisa, mas não cabe ao povo buscar aquilo que ainda não conhece?

Aqui estão os vídeos com os artistas que gostaria que todo mundo do mundo conhecesse. Não liguem para os vídeos. O importante aqui é a Música mesmo.

O primeiro é Luiz Tatit. Conheci-o através da interpretação de Titane para Felicidade. Mas a que trago aqui é talvez sua música mais conhecida (se é que se pode dizer assim de alguém desconhecido da grande massa). Tatit tem um trabalho muito bem humorado e delicioso de ser descoberto. O moço está na estrada há muitos anos:


O segundo é Marcelo Jeneci, que já tocou com muita gente boa da MPB. O disco novo do moço é todo bom. Coisa rara hoje em dia. Canções lindas, com letras muito bem engendradas fazem um sorriso pintar na nossa cara desde já. A canção que escolhi listar aqui foi a que me pegou primeiro, assim que ouvi o disco dele. Mas recomendo o disco todo. A canção se chama Dar-te-ei; o disco, Feito pra acabar.


Do terceiro eu inclusive já cantei uma canção em show, esta que apresento em vídeo aqui. O disco dele também é todo interessante. Sua linha de trabalho é mais performática/teatral e as letras pendem para o humor. Recomendo também as entrevistas que ele deu no Jô Soares, que são deliciosas. Com vocês, Zéu Britto.


Já conheciam? Se sim, deixem novas dicas. Se não, o que acharam?

Ósculos e amplexos para quem for de.

Alex Manzi.

segunda-feira, março 28, 2011

A leitura nossa de cada dia

Já andei falando pela net de dois sites que venho frequentando. Os dois relacionados à leitura. E coloco como adendo uma dica que vai parecer óbvia para muitos, mas que - pasmem! - não é.

Eu falo para muitos alunos sobre a Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, localizada na Praça da Liberdade, aqui em Bervelyzonte. E me espanto com o fato de que muitos desconheciam a existência e as possibilidades da Biblioteca. Por isso o "pasmem" lá no primeiro parágrafo.

Por aproximadamente 3 reais anuais, você pode pegar 1 ou 2 livros durante 14 dias, renováveis pelo mesmo período até 1 vez. Agora, pergunto: a velha desculpa de que brasileiro não lê porque o livro é caro cabe? Não mesmo.

A minha ligação sentimental com a Biblioteca Pública de BH vem desde a adolescência e pede um post próprio em breve.

Voltando aos sites citados láááááá no começo, indico os dois aqui, que me foram aplicados pelo bom amigo Lucas Michelini.

SKOOB - Como se fosse um Facebook (fica feio hoje em dia falar de Orkut, né?), só com leitores. No site, você pode ter amiguinhos, colocar os livros que quer ler, que leu, que está lendo. Pode ainda fazer resenhas sobre suas leituras. Eu uso para gerenciar as minhas, fazer cotações e tudo mais. Coisa que já fazia em agendas. Se alguém tiver interesse em me visitar lá, é só clicar aqui.

TROCANDO LIVROS - Gostei por demais da ideia deste. Você, se for um leitor, deve ter vários livros em casa dos quais não gosta, não gostou, quer se livrar, não quer mais, quer passar pra frente. O método é simples: você cadastra quantos livros quiser no site. Então, se alguém solicita esse livro, você envia pelo correio e ganha um crédito para solicitar QUALQUER livro do site. Simples, lindo e funciona, porque já mandei e recebi.

Entonces, senhoritas e senhoritos, façam-me o favor de se deleitarem com as dicas. E, por favor, deem notícia do que acharam. E se você ainda não é um leitor frequente, tudo bem. Mas, na humilde opinião deste escriba, não sabe o que está perdendo.

Ósculos e amplexos para quem for de.

Alex Manzi.

segunda-feira, março 21, 2011

Tudo é Música!

Quem acompanha os meus tweets, onde por vezes coloco o que está no meu player, sabe do meu ecletismo. Os detratores diriam inconstância ou indecisão, mas isso não vem ao caso. Não ligo pra eles.
O que noto em mim mesmo é, muitas vezes, um "passeio" pela Música, quando estou ouvindo. Começo com alguma coisa e essa coisa me leva ou lembra outra e outra e acabo chegando a um ponto completamente diferente daquele em que comecei. Vamos exemplificar com obras de vários artistas, simulando uma Lista de Reprodução:
Começo com o Concerto para Piano no. 23, de Mozart, que me remete ao meu grande herói Egberto Gismonti. Depois dele, chego ao Rock Progressivo de The Musical Box, do Genesis. Os longos solos e as grandes obras do Progressivo me levam ao jazz cáustico de Pat Metheny. Desse jazz/rock, pulo para o jazz mais suave de Joshua Redman, o que me leva ao meu queridíssimo Chet Baker. Baker e sua economia nos remetem imediatamente a João Gilberto, mas vou tentar ser menos óbvio e citar Rosa Passos. A brasilidade de Rosa me leva à também querida Música Instrumental Brasileira, aqui personificada pela minha adorada Cama de Gato.
Tomando um certo fôlego, o talento e a capacidade do instrumentista brasileiro abrem espaço para a canção popular. E aí nos perdemos em tantas obras maravilhosas de nosso cancioneiro. Seria injusto e impossível indicar apenas uma obra ou um artista aqui. Melhor não.
Já depois de explorar bem as canções populares, sinto o cheiro novamente de Egberto Gismonti e de um de seus mestres, o tal de Villa-Lobos. De Villa-Lobos, podemos tomar o caminho popular novamente ou o caminho erudito. E aí a história recomeça.
É claro que o caminho não é matemático como pareceu ser nesse texto. A audição envolve mais coisas que isso. Misteriosas, inclusive. E envolve mais variações que as expostas aqui.
No fim de tudo, enxergo que tudo é Música. Porque não importa de onde a Música vem; o que importa é pra onde ela vai.
Ósculos e amplexos para quem for de.
Alex Manzi.

segunda-feira, março 14, 2011

Das novelas

Já gostei muito de novelas quando adolescente e assistia a todas. Hoje, não suporto. E acho que, em muitos casos, podem fazer mal para as pessoas. Não estou falando de pessoas que assistem àquilo sabendo que é um passatempo formulaico, "facilitado" e simplesmente se divertem. Não há mal nisso. O mal está no vício que muita gente tem de achar que a realidade, as pessoas são daquele jeito, unidimensionais. Isso causa muitos problemas na convivência entre as pessoas que, de tanto verem aquilo, acham que na realidade só existem mocinhos e bandidos e não indivíduos tridimensionais que fazem o bem e o mal, que se confundem, que não são completamente honestos, que mentem mesmo sendo bons e etc.
Falei esse tanto porque ontem o tal de Faustão teve a ousadia de levar uma psiquiatra para discutir a relação entre 3 personagens de uma novela, como se isso fosse possível. Os personagens, repito, são formulaicos e rasos como uma piscina de bolinhas. Como discutir contradições e profundidade se elas simplesmente não existem?
As novelas seguem fórmulas, na minha opinião, há muito desgastadas, assim como o cinemão americano, que padece do mesmo mal. Novamente: não estou falando mal de quem assiste às novelas; o meu problema aqui é com a linguagem e as suas fórmulas desgastadas. Adoro assistir a filmes trash cujo final já sei no que vai dar, mas tenho que ter a consciência de que aquilo é raso.
A própria forma da novela já leva sua história para o buraco: é IMPOSSÍVEL contar uma história instigante, interessante, razoavelmente nova, se essa mesma história se desenrola durante 6 meses, 6 dias por semana. Se muitos filmes se perdem em sua própria história e personagens em 2 horas, imagina nesse tempo todo no ar?
Na minha humilde opinião, as séries americanas são bacanas porque são semanais, não banalizam a sua presença na tela e têm roteiristas que procuram fugir do formulaico, do já visto. É claro que nem todas conseguem, mas a maioria sim.
Sábio foi Paulo Autran, que fugiu desse tipo de entretenimento, já do meio da carreira pra cá. Mas não podemos falar nada, pois não sabemos o que faz artistas muito talentosos se embrenharem nos folhetins. Talvez dinheiro para viabilizar projetos realmente artísticos, talvez visibilidade para o seu próprio trabalho, talvez o gosto pelo prosaico mesmo.
Como o Brasil é o país das novelas (também), julgo que serei apedrejado. Podem mandar. Mas mandem flores também que sou moço bom.
Ósculos e amplexos para quem for de.
Alex Manzi.

terça-feira, março 08, 2011

Sobre ficar em casa no Carnaval

Eu já falei no twitter, no facebook, em conversas de buteco e na frente do espelho, sozinho: Belo Horizonte no Carnaval é uma maravilha. As ruas vazias, os cinemas sem fila, os restaurantes sem aquela muvuca para entrar são o que chamo de Circunstâncias do Paraíso.

Sou muito caseiro, e a simples menção da possibilidade de ficar em casa fazendo absolutamente nada me faz vibrar. Então começa o que chamo de Carnaval dos Animais (com a devida vênia de Saint-Saëns): comer feito um javali, beber como um gambá e dormir como uma jiboia que acabou de comer uma paca.
Você faz o estoque de bobagens que não irá comer (verduras e legumes), coisas que valem a pena (carnes, comidas prontas, pizzas e salgadinhos), itens obrigatórios (cerveja, vinho e refri) e medicamentos (Neosaldina e a pomada para as feridas que surgirão no saco coçado). Depois, se apega às coisas mais transcendentais para enlevar o ser humano que adormece dentro de você: livros, discos e vídeos. Isso sem falar na TV ligada no desfile das escolas de samba: se você é fã do negócio pode admirar; se detesta, pode se divertir ridicularizando aquela gente feliz com sorriso amarelo, pescoço mexendo e braços abertos celebrando não sei o quê.
Ir para um sítio para descansar com uma pequena turma agradável pode ser muito bom. Mas ficar em casa hibernando e engordando mais ainda também pode ser divertidíssimo.
De pijama, direto do aconchego de meu lar, despeço-me.
Ósculos e amplexos para quem for de.
Alex Manzi.

segunda-feira, fevereiro 28, 2011

Os meus ótimos amigos e suas histórias maravilhosas...

Lembrei-me de alguns diálogos bacanas que realmente aconteceram. Em alguns estou envolvido, em outros não. Para não comprometer a identidade dos amigos, resolvi trocar os nomes das pessoas (isso quando citei os nomes). Mas os meus mais sinceros parabéns a todos os envolvidos pela verve que demonstraram no momento.
I.
Ele, com a namorada, dentro do carro.
Ele: Amor, escolhe um cd aí e coloca pra gente?
Ela, depois de fuçar no porta-luvas: Mas aqui só tem Beatles e Chico Buarque!
Ele: Ué, precisa de mais?
II.
Amigos numa mesa, tomando umas e assistindo ao show de um outro amigo.
Um deles, pra Ela: E qual a sua banda preferida?
Ela, sem pestanejar: A banda do Chico Buarque.
III.
No dia seguinte a uma bebedeira churrascal, a turma se reencontrou para tomar o que tinha sobrado. Lembrando do estado anterior de um deles, Fulano pergunta:
- Cara, cê tava muito bêbado ontem. Como chegou em casa dirigindo?
A resposta:
- Nossa Senhora da Aparecida dirige muito bem.
IV.
Mesa de bar. E alguém resgata a história de que o Jorge (nome fictício, diga-se) tinha encontrado a Elis Regina na praia. Alguém que ainda não conhecia a história resolve arguir o tal Jorge (nome fictício, já falei!). Segue o diálogo.
Alguém: Mas, Jorge, onde cê viu a Elis Regina, bicho?
Jorge: Em Salvador. Não só vi como bati um papo com ela no quiosque em que estávamos.
Alguém: Mas foi quando isso?
Jorge dá uma pensada, batuca na mesa com a ponta dos dedos, olha pro alto como quem calcula ou faz alguma ligação de fatos com o tempo.
Jorge: Bicho, foi em 97... Não, não. 98 com certeza!
Alguém: 98? Só se foi numa sessão espírita, né, Jorge. A Elis Regina morreu em 82, bich!
Jorge ficou meio sem fala.
Depois ficou esclarecido. Ele realmente encontrou uma artista na praia. Ele só se enganou de Regina. Era a Regina Duarte.
Ósculos e amplexos para quem for de.
Alex Manzi

segunda-feira, fevereiro 21, 2011

Uma história musical muito bacana


A história a seguir aconteceu há uns 3 ou 4 anos. Não me perguntem porque decidi contá-la aqui só agora.

Gosto muito de Jazz. Não sou um entendedor, mas aprecio por demais esse estilo musical. Descobri o Jazz através de um LP comprado por um amigo na antiga Loja Mesbla, aqui em BH. O amigo em questão não era amante do Jazz, mas gostava de Música Instrumental. E gravou para mim a obra em fita cassete.

Ouvi aquele disco de capa linda e fiquei pasmado com aquele novo mundo musical. O disco se chamava The Night, do trompetista Allan Botschinsky, e a capa, para mim, lembrava Van Gogh. Pelo menos na época lembrava. Hoje, não. Mas na época sim. Fiquei impressionadíssimo com o mundo que se desvelava para mim naquele momento. Os sons, as sensações e os etceteras me ajudaram muito no ecletismo que mostro hoje.

O tempo passou (e passou muito!) e não tive mais contato com aquele disco. Desde a Era Mesozoica da internet tentei encontrá-lo, sem sucesso. Nem pra comprar! Até que achei o site do Allan Botschinsky. Esqueci de dizer que o moço é Dinamarquês e o site estava em sua língua pátria. Por sorte, havia a opção do site em inglês com o contato.

Enviei um email contando essa história e dizendo o quanto o disco era importante para mim. Queria saber onde poderia encontrar aquela maravilha. Confesso que escrevi sem muita esperança de obter resposta.

Mas a vida é uma lindeza em vários momentos. E, dois dias depois, a esposa do Allan me respondeu, dizendo que gostava muito do Brasil, que tinha amigos em São Paulo e que aquele disco era, da obra do Allan, um dos preferidos dela. E mais: pedia o meu endereço para mandar o CD de presente para mim. Não é lindo isso?

O CD que chegou não veio com a capa original. Era outra capa, mas a mesmíssima obra, que até hoje me toca profundamente. Além do CD, uma bela frase e o autógrafo mui carinhoso do próprio Allan Botschinsky.

Eu adoro esta história e, sempre que posso, conto. Se se encontrar comigo numa festa, evite o assunto Jazz. Porque, se eu estiver emocionado pelo teor etílico, fatalmente vou repetir essa odisseia pra você.

É, às vezes sou chato mesmo. Mas a história é uma lindeza. Né não?

Ósculos e amplexos para quem for de.

Alex Manzi.