Sobre as coisas escondidas e bacanas que andam por aí...
"Livros, discos, vídeos à mancheia! E deixe que digam, que pensem, que falem..."
O que noto em mim mesmo é, muitas vezes, um "passeio" pela Música, quando estou ouvindo. Começo com alguma coisa e essa coisa me leva ou lembra outra e outra e acabo chegando a um ponto completamente diferente daquele em que comecei. Vamos exemplificar com obras de vários artistas, simulando uma Lista de Reprodução:
Começo com o Concerto para Piano no. 23, de Mozart, que me remete ao meu grande herói Egberto Gismonti. Depois dele, chego ao Rock Progressivo de The Musical Box, do Genesis. Os longos solos e as grandes obras do Progressivo me levam ao jazz cáustico de Pat Metheny. Desse jazz/rock, pulo para o jazz mais suave de Joshua Redman, o que me leva ao meu queridíssimo Chet Baker. Baker e sua economia nos remetem imediatamente a João Gilberto, mas vou tentar ser menos óbvio e citar Rosa Passos. A brasilidade de Rosa me leva à também querida Música Instrumental Brasileira, aqui personificada pela minha adorada Cama de Gato.
Tomando um certo fôlego, o talento e a capacidade do instrumentista brasileiro abrem espaço para a canção popular. E aí nos perdemos em tantas obras maravilhosas de nosso cancioneiro. Seria injusto e impossível indicar apenas uma obra ou um artista aqui. Melhor não.
Já depois de explorar bem as canções populares, sinto o cheiro novamente de Egberto Gismonti e de um de seus mestres, o tal de Villa-Lobos. De Villa-Lobos, podemos tomar o caminho popular novamente ou o caminho erudito. E aí a história recomeça.
É claro que o caminho não é matemático como pareceu ser nesse texto. A audição envolve mais coisas que isso. Misteriosas, inclusive. E envolve mais variações que as expostas aqui.
No fim de tudo, enxergo que tudo é Música. Porque não importa de onde a Música vem; o que importa é pra onde ela vai.
Ósculos e amplexos para quem for de.
Alex Manzi.
Falei esse tanto porque ontem o tal de Faustão teve a ousadia de levar uma psiquiatra para discutir a relação entre 3 personagens de uma novela, como se isso fosse possível. Os personagens, repito, são formulaicos e rasos como uma piscina de bolinhas. Como discutir contradições e profundidade se elas simplesmente não existem?
As novelas seguem fórmulas, na minha opinião, há muito desgastadas, assim como o cinemão americano, que padece do mesmo mal. Novamente: não estou falando mal de quem assiste às novelas; o meu problema aqui é com a linguagem e as suas fórmulas desgastadas. Adoro assistir a filmes trash cujo final já sei no que vai dar, mas tenho que ter a consciência de que aquilo é raso.
A própria forma da novela já leva sua história para o buraco: é IMPOSSÍVEL contar uma história instigante, interessante, razoavelmente nova, se essa mesma história se desenrola durante 6 meses, 6 dias por semana. Se muitos filmes se perdem em sua própria história e personagens em 2 horas, imagina nesse tempo todo no ar?
Na minha humilde opinião, as séries americanas são bacanas porque são semanais, não banalizam a sua presença na tela e têm roteiristas que procuram fugir do formulaico, do já visto. É claro que nem todas conseguem, mas a maioria sim.
Sábio foi Paulo Autran, que fugiu desse tipo de entretenimento, já do meio da carreira pra cá. Mas não podemos falar nada, pois não sabemos o que faz artistas muito talentosos se embrenharem nos folhetins. Talvez dinheiro para viabilizar projetos realmente artísticos, talvez visibilidade para o seu próprio trabalho, talvez o gosto pelo prosaico mesmo.
Como o Brasil é o país das novelas (também), julgo que serei apedrejado. Podem mandar. Mas mandem flores também que sou moço bom.
Ósculos e amplexos para quem for de.
Alex Manzi.
Você faz o estoque de bobagens que não irá comer (verduras e legumes), coisas que valem a pena (carnes, comidas prontas, pizzas e salgadinhos), itens obrigatórios (cerveja, vinho e refri) e medicamentos (Neosaldina e a pomada para as feridas que surgirão no saco coçado). Depois, se apega às coisas mais transcendentais para enlevar o ser humano que adormece dentro de você: livros, discos e vídeos. Isso sem falar na TV ligada no desfile das escolas de samba: se você é fã do negócio pode admirar; se detesta, pode se divertir ridicularizando aquela gente feliz com sorriso amarelo, pescoço mexendo e braços abertos celebrando não sei o quê.
Ir para um sítio para descansar com uma pequena turma agradável pode ser muito bom. Mas ficar em casa hibernando e engordando mais ainda também pode ser divertidíssimo.
De pijama, direto do aconchego de meu lar, despeço-me.
Ósculos e amplexos para quem for de.
Alex Manzi.
I.
Ele, com a namorada, dentro do carro.
Ele: Amor, escolhe um cd aí e coloca pra gente?
II.
Amigos numa mesa, tomando umas e assistindo ao show de um outro amigo.
Um deles, pra Ela: E qual a sua banda preferida?
III.
No dia seguinte a uma bebedeira churrascal, a turma se reencontrou para tomar o que tinha sobrado. Lembrando do estado anterior de um deles, Fulano pergunta:
- Cara, cê tava muito bêbado ontem. Como chegou em casa dirigindo?
A resposta:
- Nossa Senhora da Aparecida dirige muito bem.
IV.
Mesa de bar. E alguém resgata a história de que o Jorge (nome fictício, diga-se) tinha encontrado a Elis Regina na praia. Alguém que ainda não conhecia a história resolve arguir o tal Jorge (nome fictício, já falei!). Segue o diálogo.
Alguém: Mas, Jorge, onde cê viu a Elis Regina, bicho?
Jorge dá uma pensada, batuca na mesa com a ponta dos dedos, olha pro alto como quem calcula ou faz alguma ligação de fatos com o tempo.
Jorge: Bicho, foi em 97... Não, não. 98 com certeza!
Jorge ficou meio sem fala.
Depois ficou esclarecido. Ele realmente encontrou uma artista na praia. Ele só se enganou de Regina. Era a Regina Duarte.
Ósculos e amplexos para quem for de.
Alex Manzi