mancheia

"Livros, discos, vídeos à mancheia! E deixe que digam, que pensem, que falem..."

terça-feira, junho 24, 2008

Fica, Dunga!

Vão falar que o post tá um bocado atrasado. Está. Assumo.
Vão falar que acordei azedo. Acordei. Concordo.
Vão falar que não entendo nada de futebol pra escrever um post sobre. Não entendo. Tudo bem.
O certo é que achei que o Brasil fez um joguinho muito fulêro com a tal da Argentina aqui em BH. Evento com ingressos a preços astronômicos e cortesias espalhadas pelo setor público e autoridades. Pelo menos teve show de Skank e Jota Quest, o que, pra muita gente, pode ter saído mais caro ainda.
Mas eu acho bom que o Brasil se nivele ao patamar dos times comuns e, quiçá, não se classifique para a próxima Copa do Mundo. Já esclareço: dentro do futebol, a Copa do Mundo pra mim é o evento supremo. Adoro demais. Não posso dizer que COM OU SEM BRASIL, porque nunca tive a experiência de Copas SEM o Brasil, mas poderia ser uma primeira vez. Não ligarei. Não ligarei porque o futebol é entretenimento e diversão, e não religião, como já disse aqui nesse buteco.
Retomando: acho bom por causa do oba-oba em torno de gente que se preocupa mais em bater recordes (ver última Copa) e com status/dinheiro do que em honrar camisa e essas coisas. E também pra ver a Imprensa Babona baixar um pouco a bola e parar de glamourizar esse futebolzinho indisciplinado e malandro aqui da América Latina. Duas bolas em campo quando o time de casa tá ganhando, gandula sumindo com bola... Enfim, essa malandragem babaca, estúpida e inútil que muitos teimam em salientar como característica. É de desanimar.
Concluindo, o melhor do jogo ficou pra depois do jogo: uma placa, no meio da torcida da Argentina, em letras garrafais:
FICA, DUNGA!
Ósculos e amplexos para quem for de.
Alex Manzi.

segunda-feira, junho 02, 2008

Zorra Total

Sábado passado Tom Zé tocou aqui em BH. Os shows dele são sempre surpreendentes, apesar de alguns números ensaiados (digo isso pois já vi algumas passagens de shows diferentes em que ele faz a mesma coisa, que pode passar por improviso). Mas não sei se é intenção dele que as coisas passem por improviso. O certo é que qualquer show de Tom Zé é uma experiência assaz bacana e criativa e interativa e hiperativa e sei lá mais o quê.
Uma das coisas que acho mais bacanas é a prosa dele e como as letras das canções se costuram com as suas idéias expostas naquela hora. Ele é "Taun Zí" (como os americanos o chamam), um verdadeiro artista que ironiza até a própria condição de artista-pensante-intelectual-sabedor-das-coisas.
E, depois dessa pletora de arte, surpresa e dessa água inquieta anárquica (no bom sentido) de Tom Zé, chego em casa e me deparo com a televisão de minha mãe ligada no final da novela das oito. O meu ódio por novelas eu mal posso esconder, mas isso é assunto pra um próximo post. Por que falo do final da novela? Pra fazer contraponto ao excesso de novidades a que fui submetido no show. Ao contrário, a novela teve mais um daqueles finais iguais, exatamente iguais: com uma enxurrada de casamentos, sorrisos e punições exemplares aos vilões.
E depois da novela, vem o que? O Zorra Total. Sentei-me pra assistir a uns quadros do programa, pois acho que devemos falar mal das coisas com propriedade, apesar também de ser adepto do "não vi e não gostei". Reparei que os quadros se sucedem do mesmo jeito. Os personagens (?) soltam algumas frases conhecidas como bordões e as risadas gravadas da claque rolam soltas. Tudo isso pra, no final, o personagem (!) principal soltar o bordão maior, de pouquíssima inspiração. Tudo muito igual e tedioso, feito uma repartição pública.
A novela tem o nome certo, pois até já usamos esse epíteto como quase um adjetivo, pra denominar situações intermináveis e desagradáveis. Agora, Zorra Total mesmo é o show maravilhoso que Tom Zé faz diante de nossos ouvidos e olhos. O moço, acho, deve ser mais velho que Mick Jagger, mas tem muito mais inventividade e pique físico que o vovô britânico. Só lhe faltam os dólares/libras/euros no bolso.
O show do ex-maldito tropicalista fez com que a noite não fosse estragada pela visão do inferno televisivo e evitou que eu fosse hospitalizado, com o diagnóstico de Tedius Artisticus, mal que, espero, não me aflija tão cedo.
Tom Zé é anarquia e a verdadeira Zorra Total. E uma Zorra ducarái, com o perdão do vocábulo.
Ósculos e amplexos para quem for de.
Alex Manzi.
p.s.: post delicadamente dedicado à Claudinha, que me levou pelo braço ao show do baiano de Irará e me lembra sempre que tenho muito a aprender nesse mundão.
p.s.2: fiquei sabendo que Tom Zé volta a tocar aqui em BH no sábado que vem, numa calourada da PUC. Parece que Os Mutantes também. Parece que Vander Lee também. E parece que mais outros artistas. Mais informações no site do
DCE PUC Minas.