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sexta-feira, março 02, 2007

Nalvinha, Boto, Amazônia, Manzi, Minas, Espírito Santo

Recebi um convite que me emocionou muito, de verdade verdadeira. Nalvinha de Souza, amiga, capixaba, mineira, contadora de histórias, artista-enfim, me chamou para, no dia 10 próximo, num encontro que acontecerá no Teatro Dom Silvério, apresentar "algo" com ela.
Esse "algo" teria que tratar da Amazônia...
Então, depois de vivermos e conversarmos e respirarmos o que esse trabalho queria de nós, estamos quase prontos. Será uma pequena mas mui intensa apresentação, que servirá de abertura para o evento. Entre vinhetas e fragmentos de canções, apresentaremos dois textos: Saga da Amazônia, de Vital Farias, e Lenda de Boto, que escrevi baseado na famosa lenda amazônica.
Óia só:
LENDA DE BOTO
Diz que nas molhada da floresta
não se sabe o que é festa
quando começa, assim num clima solto,
a contar história de boto.
O bichinho não tem culpa, coitado,
de ser animal encantado,
e, longe da vista de pai zeloso
conseguir certas coisa de modo... carinhoso...
Contam que não é de qualquer jeito.
Precisa ser certo dia, certa lua, certo feito
pro tal aprontar de com força
e colorir os óio das moça.
E daí que ficam no feitiço,
correndo risco, sem jeito no ofício.
E, vestido encurtando e encurtando,
pai e mãe sabendo que tudo tá mudando...
Diz também que o moço-boto é elegante
de charme brilhante,
de olho piscante.
Mas que o chapéu da cabeça num sai!
E se sai, o disfarce cai
e é hora do tal moço-apessoado
correr trecho,
fincar no nado.
E quando moça sozinha
se perde na mata
na moita
no mote
é que a sapiência do povo dá o bote
e, falando da cria nova, como coral que junta o torto e o maroto:
- É filho de boto.
- É... Filho de boto...
Ósculos e amplexos para quem for de.
Alex Manzi.
p.s.: por ser evento fechado não divulgo horário, mas é sempre bom dividir alegria com os outros, não é?