mancheia

"Livros, discos, vídeos à mancheia! E deixe que digam, que pensem, que falem..."

domingo, julho 30, 2006

Soa piegas?

Quando enforcaram meu filho,
eu disse que não era o bastante.
A semente que plantei
é mais forte que tudo.

Acredito na mais pura e
inocente descrença.
Amo tudo que parece sem fim,
sem esperança.

O planeta lá fora ri de mim:
falhei sem tentar,
falhei ao tentar.

terça-feira, julho 18, 2006

Cosmopolitanos e Cosmopolitanas...

"Se eu pudesse escolher, moraria em Paris, Nova York ou Londres. Não tenho nenhuma identificação com o Brasil. Não gosto de futebol, não como feijoada, não tomo cerveja nacional. E odeio Copa do Mundo."
Ed Motta, no Jornal do Brasil

De volta depois de um afundamento nos afazeres trabalhais, começo o novo post com essa declaração de Ed Motta. Não vou me posicionar (pelo menos não abertamente) sobre o que ele disse, mas vou deixar em aberto tal discussão.
Adoro o som que Ed Motta faz. Sofisticado, gostoso, música noturna pra ouvir no carro na finada Geraes FM, aqui de BH. Mas fica uma pergunta: temos uma obrigação, por termos nascido brasileiros, por votarmos aqui, por usufruirmos das praias e montanhas e roças daqui, de gostarmos das coisas ditas brasileiras? Há outras questões: as coisas ditas brasileiras representam o Brasil? Quem dita as coisas ditas?
Os elementos citados por Ed fazem lembrar o nosso tropicuzinho (opa!), mas o Brasil é só futebol, feijoada, cerveja? Quem sabe o estereótipo não esteja na cabeça do próprio Ed ao dizer isso? Talvez para ele o país se resuma nisso (ele se esqueceu de falar da preferência nacional, mas tudo bem).
O que vejo daqui do meu buteco é que o Brasil é Brasis, um país plural e que pode ser representado por outras coisas que não os supracitados pelo gordinho-bom-músico. O Brasil é Los Hermanos e Chico Buarque? É Roda Viva e MTV? É João Cabral e Manoel Carlos? É Claudinha, Mazinha, Guilherme, Rodrigo, Daniela, Janaína, João, José, Antônio, Expedito, Lindalva, Ivonete? E é William, Stephany, Wemerson, Lucy, Vanderson, Wilson, Johnathan?
O Brasil é tudo e é um mundo muito. E que cosmo somos!
Ósculos e amplexos para quem for de.
Alex Manzi.

quinta-feira, julho 13, 2006

Rock Santeiro

Hoje, dia 13 de Julho, é comemorado o Dia do Rock. Bacana. Mas, pra quem é devoto do ritmo / estilo de vida / razão de viver, todo dia é dia de rock, né?
O rock nasceu de um jeito e hoje ele tem vários jeitos espalhados por aí. Ou talvez ele já tivesse nascido de vários jeitos, mas não éramos capazes ainda de perceber o quão vário ele era.
Pra mim, o que existe mais é uma existência rock and rollesca. Ninguém me tira da cabeça que Elis Regina é a cantora mais rock and roll do Brasil. Não adianta me convencer do contrário. "Entre o muro e a faca, atiro-me contra a faca", dizia a mamãe de Maria Rita. Quer coisa mais rock do que isso, meus amiguinhos???
O erro é associarmos rock à música barulhenta, com guitarras distorcidas e rebeldia, quase sempre pré-fabricada. Mas, o que é o rock? Ou quem é o rock? O rock é o riff básico dos Stones ou a falta de guitarras no último álbum do Radiohead? Os poucos acordes com letras imagéticas e angustiadas do Lou Reed ou a elaboração dos arranjos dos músicos do Dream Theater? Ou o rock é apreciar junk food em frente ao computador ouvindo a Quinta de Beethoven?
O que sei é que a cada ano surgem zil bandas querendo seu lugar e reciclando décadas. Algumas reciclam de modo criativo, outras de modo vampiresco mesmo. Mas, existe mal nessas atitudes? Há problemas em tocar um som de uma década que te agrade? Acho que não. O problema (como em quase tudo) é a tal da mídia. Todo ano os "especializados" resolvem que determinada banda vai salvar o rock; como se ele estivesse nas últimas, respirando por aparelhos o coitado...
No final, o rock é de cada um. E durma com um barulho desses.
Ósculos e amplexos para quem for de.
Alex Manzi.
p.s.: em breve, uma pequena série de discos que considero mui bacanas e fundamentais. Quem quiser, já pode indicar os seus nos comentários.