mancheia

"Livros, discos, vídeos à mancheia! E deixe que digam, que pensem, que falem..."

segunda-feira, maio 29, 2006

Shakespeare e Ana

Lancinante estrada minha
Conte-me, sozinha,
A dor pura dos estragos meus:
teus.

segunda-feira, maio 15, 2006

Reportagem

Muitos de vocês devem saber que tenho uma banda chamada Vinho Velho. Pois bem, o que poucos sabem é que, além das minhas habilidades mediúnicas (vide o post sobre o Vinícius), eu posso viajar no tempo. Sim, e trouxe, em primeira mão pra vocês, uma reportagem publicada na Folha num futuro próximo. Com exclusividade, só aqui no mancheia.
PODE SER O QUE SERÁ...
por Alice Damasceno Nunes, de Belo Horizonte


A Vinho Velho, depois de 10 anos de estrada e 6 discos gravados, parece enfrentar sua primeira crise interna, depois que ironias foram trocadas publicamente pelos integrantes.

Arthur Petrillo, baixista e um dos compositores da banda, definiu como fútil e imbecil o novo show solo de Alex Manzi.

Depois dos problemas com drogas que o levaram a 3 internações, Manzi não quis declarar nada sobre o fato. Limitou-se a dizer: "Estamos trabalhando para o próximo álbum. E isso é tudo”.

O que se sabe é que o próximo e aguardado disco dos meninos de BH deve ser duplo e pode contar com a participação especial de Tom Zé. O Baiano de Irará fez questão de passar uma semana na capital mineira para participar da parceria que fez com Manzi e Petrillo na canção "Adeus, minha concubina".

Guilherme Chewbacca, estando às voltas com seu primeiro trabalho solo ao mesmo tempo em que coloca as guitarras no novo álbum da banda, só fez aumentar os boatos de fim da Vinho Velho. O guitarrista nunca pensou em carreira solo, mas, diante de tal investida, parece que as coisas não vão bem nas montanhas de BH. Chewbacca, sempre frio e distante da imprensa, começou a soltar ironias no site da banda. Disse que este pode ser o último disco com a banda unida, “como era no começo”.

Depois da morte do baterista dos Cordilheiros dos Andes, Diogo Freire foi tocar com a banda, mas só depois de finalizar as baterias do novo álbum duplo dos mineiros da Vinho. Foi o único que foi explícito: "A tensão está insustentável ali. Ninguém se entende mais. Talvez três bons compositores que antigamente se agüentavam e hoje mal se falam. Viraram profissionais mesmo”.

Diogo já não se sentia muito à vontade desde o incidente com o vocalista Alex Manzi na Praça Raul Soares. Chegou a dizer explicitamente: "não me agrada a idéia de trabalhar com vovôs que pensam que são moleques", numa clara alusão à diferença de idade que separa o vocalista do resto da banda.

É incrível o mistério que ronda a banda que nasceu em 2005 e já gravou 6 discos que foram sucessos de público e crítica. Não se fala nada sobre a situação. O que se sabe sai da boca de Diogo Freire, já desligado da formação e tocando com os Cordilheiros dos Andes. Para os outros integrantes, tudo pode estar normal, apesar de algumas farpas soltas na imprensa. Talvez uma jogada de marketing para aumentar as vendas do próximo álbum (duplo), mas os meninos não precisam disso. O que é certo é que o disco fica pronto em dois meses e deve sair em Novembro. O primeiro solo de Guilherme deve sair em Janeiro e o show solo de Alex Manzi continua na estrada, mas com shows esporádicos.
Ósculos e amplexos para quem for de.
Alex Manzi.

domingo, maio 07, 2006

Eu não gosto do bom gosto

Gosto das imperfeições humanas. Fascinam-me os dentinhos tortos e charmosos, os pedidos de desculpas (atestado de um erro reconhecido?), a capacidade de cair e se levantar do ser.

Essa introdução pra falar um pouquinho do chamado "bom gosto" que, na minha humildíssima opinião, várias vezes tem sido contaminado por uma pseudo e pedante intelectualidade falsa.

Ficou fácil falar de mercado, músicos que se vendem pra vender mais e mais e "autenticidade", como se cobrássemos honestidade a todo momento de nossos artistas preferidos. Pergunto: quem me garante que os Beatles, a despeito do talento imensurável, não sofreram pressão para adaptar certas canções a um gosto médio, sobre o que seria mais vendável na época? Por que questionamos certos artistas populares que o fazem hoje em dia? Acho que é porque não gostamos do tipo de música/trabalho que fazem. Ou seja, somos sim muito tendenciosos quando julgamos uma obra. Dois pesos e duas medidas? Que feio, gente!

Porque achamos "bacana" um cara do sertão que continua pobre apesar da música que produz e execramos a música "sertaneja" produzida por um cara que também já foi muito pobre e que, através da obstinação e do talento (sim, caríssimos leitores, considero Zezé, Leonardo e Chitãos talentosos) conseguiram ganhar muito dinheiro? É o elogio da pobreza? Síndrome de vira-latas?

Antes que comecem a jogar tomates, esclareço o que me incomoda nisso tudo. A multiplicação e monocultura. Nos anos 80 foi o rock/pop, nos 90 a lambada, e por aí vai. Acho que todo mundo entendeu. Sou a favor da pluralidade e não da preguiça intelectual. Porque algo estourou vai todo mundo atrás disso? Isso não acho bom. Mesmo que seja um tipo de música que me agrada.

Obviamente não estou comparando, mas quantas obras nossos gênios da música erudita não fizeram por encomenda? Isso compromete a qualidade de tais obras? Se o critério for esse, são uns vendilhões!

Achei bonito o post de meu querido parceiro Arthur Petrillo ao falar de Jazz (ou do não-gostar de Jazz). Acho que tudo isso tem que ser discutido mesmo. Iconoclastizar tudo. Isso é liberdade. Como vou questionar a autenticidade de um cara pobre, que viveu no campo e que fez fortuna cantando as músicas que ouvia no campo? Quando a regra fugir disso, aí sim, posso pensar que há espaço pra questionamentos.

E falando em questionamentos, abro espaço pra vocês.

Viva Odair José, Márcio Greyck, Amado Batista e outros que foram/estão/virão!

Ósculos e amplexos para quem for de.