mancheia

"Livros, discos, vídeos à mancheia! E deixe que digam, que pensem, que falem..."

domingo, abril 20, 2008

Mudanças

Agora que a Telemig Celular mudou de nome, a tal piada faz sentido aqui em BH:
- Oi, Tim. Você está Vivo?
- Claro!
Infame, infame, eu sei, mas pode servir de desculpa para opiniões sobre essa mudança. Porque esse buteco serve pra isso: receber pessoas, servir um café ou uma branquinha e bater um papo.
Servimos bem para servir sempre.
Ósculos e amplexos para quem for de.
Alex Manzi.

segunda-feira, abril 14, 2008

Veja o Gordo

É, o Jô Soares voltou das férias na semana passada. E devo dizer que achei que voltou pior do que já era.
Desde priscas eras, quando eu assistia ao Viva o Gordo e depois ao Veja o Gordo que eu não entendia a antipatia que minha mãe nutria pelo balofo. Hoje eu compreendo. Jô é um dos piores entrevistadores da televisão e, diante de sua incapacidade como tal, diz que aquilo ali é um bate-papo, não uma entrevista.
O que muitas e muitas vezes me dá nos nervos é o que acontece com muita gente com quem a gente conversa: o assunto não rende. Incontáveis vezes, o "entrevistado" está adentrando por um aspecto interessante do assunto e Jô o interrompe, normalmente para fazer alguma piada com o que está sendo dito. Aí, o raciocínio se perde e Jô consegue evitar que o convidado brilhe mais que ele. Chega a ser patética a tentativa de Jô parecer popular, dizendo que conhece todo mundo que o "entrevistado" cita.
Jô age muitas vezes assim porque, penso eu, tem a cumplicidade de sua fraquinha platéia. E essa platéia aplaude demais e às vezes sem saber porque está aplaudindo (vide a entrevista com Diogo Mainardi). Em matéria de volume de aplausos só perde para a também chata platéia de David Letterman...
Na volta das férias, as piadas (até agora) conseguiram piorar. Sem falar na repetição daqueles arquivos pseudo-engraçadinhos que a gente se cansa de receber por i-meio. Ah, e tem também as tais "pérolas dos estudantes" que, na minha opinião, são inventadas e/ou adaptadas por quem manda.
(Acho que comecei a semana meio ranzinza...)
Como Jô entrevista famosos e não-famosos, posso um dia ser convidado para ir ao programa falar sobre as minhas pesquisas no ramo da Genética e/ou das minhas brilhantes realizações no campo da Engenharia Microbiológica Quântica.
Se isso acontecer, eu deleto este post, vou ao programa de sorriso largo e todos fingem que nunca leram minha rabugice. Conto com vocês.
Ósculos e amplexos para quem for de.
Beijo do Gordo.
Alex Manzi.
p.s.: em minha sempre humilde opinião, Marília Gabriela continua como uma das melhores entrevistadoras da televisão. E tenho dito.
p.s.2: alguém aqui leu os livros dele? O tal Xangô de Baker Street até que dá, mas O Homem Que Matou Getúlio Vargas eu achei horroroso. Não pensem que ele sabe daqueles fatos e contextos históricos não, viu? Ele tem uma equipe que pesquisa tudo aquilo. É o ego, Queridas e Queridos. É o ego...

domingo, abril 06, 2008

Da série DISCOS NACIONAIS MUITO BACANAS QUE TODO MUNDO DEVIA - PELO MENOS - CONHECER

Queridas, Queridos...
Para quem está no yogurte, já temos o nosso espaço lá. Eis o endereço da Comunidade Eu leio o Mancheia:
Bão, no post-triplo desta semana eu resolvi apresentar três discos que muito marcaram a minha vida. Pretendo desenvolver mais ainda esse tipo de dica/análise/série aqui no blog. E de forma apaixonada. Portanto, as análises que apresento são muito mais tendenciosas que isentas. Tentei ser imparcial muitas vezes mas, como música é um negócio tão sentimental e pouco racional, saiu assim. Paciência.
Pra quem se interessou por algum ou por todos eles:
Baixem, comprem, peçam emprestado ou aluguem; mas não roubem, que papai do céu não gosta.
Ósculos e amplexos para quem for de.
Alex Manzi.

Lenine - O Dia Em Que Faremos Contato (BMG Brasil, 1997)


Este é o primeiro disco solo de Lenine. Antes, ele havia gravado um disco com Lula Queiroga, parceiro dele até hoje em algumas canções.

Mas é neste que ele arremata de vez a sua MPB: Música Planetária Brasileira.


O disco começa emblemático: aquele barulhinho que escutávamos quando a internet era discada. Como se dissesse "agora vamos nos conectar ao mundo, quiçá ao universo".

Na minha opinião, quem melhor conseguiu, até hoje, bordar o regional e a tecnologia, o elétrico e o acústico, o artesanal e o disco voador foi esse moço Lenine. Não me soa rançosa e tampouco indigesta a sua mistura de sons e traquinagens retrô-futuristas, como muita coisa por aí. Muito pelo contrário.

O violão que Lenine toca é capítulo à parte. Percussivo, presente e muito característico do som dele. Timbre inconfundível.

E esse violão permeia todo o trabalho. A faixa 12, Pernambuco Falando Para O Mundo, é formada por 4 obras de compositores diferentes, e tem o violão e a voz de Lenine e o pandeiro de Marcos Suzano nos excertos das canções Voltei Recife, de Luis Bandeira; Frevo Ciranda, de Capiba; Sol e Chuva, de Alceu Valença; Rios, Pontes e Overdrives, de Chico Science e Fred Zero Quatro. Faixa emblemática, que retrata 4 gerações de pernambucanos criativos e que falaram para o mundo. Como Lenine.

E agora vem uma das razões pelas quais eu prefiro colecionar cd's a downloads: O ENCARTE. Além de fartamente ilustrado, cada página traz um texto com a prosa poética de Bráulio Tavares, também parceiro de Lenine.

Lenine já foi roteirista de televisão, mas foi aqui, em O Dia Em Que Faremos Contato, que ele contou a sua melhor história.

Sorte nossa.

Nouvelle Cuisine - Novelhonovo (Gravadora Eldorado/Sony Music, 1995)


O Nouvelle Cuisine é uma banda paulista que, até então, era "especializada" em jazz e se expressava basicamente em inglês. Até que gravou este disco.
Novelhonovo é um disco composto por 13 canções em bom português e uma em inglês, Stormy Weather, que se tornou clássica na voz de Billie Holiday.
Falando em voz, o vocalista Carlos Fernando faz quase tudo o que quer com a sua voz. Infelizmente o moço não está mais no grupo. O Nouvelle Cuisine mudou o nome pra Nouvelle e segue com uma vocalista, Estela Cassilatti. Carlos Fernando gravou um excelente disco, só com canções de Chico Buarque, ao lado de Toninho Horta. Mas isso é papo pra outro dia. Ou pros comentários.
Bem, o disco tem duas composições de Carlos Fernando (Novelhonovo e Nada Vale) e mais uma parceria dele com Maurício Tagliari (Dia Branco). Todas muito bem engendradas, tanto nas letras quanto nos arranjos e melodias. Nada Vale é um samba dos mais bacanas e Dia Branco é uma balada de vocal e melodia tristes. A outra composição, Novelhonovo, abre o disco e eu não consigo definir o que seja. Talvez seja essa a intenção. O resto do disco traz obras de compositores célebres da MPB: Caetano Veloso, D. Ivone Lara, Jorge Aragão, Gilberto Gil, Edu Lobo, Vinícius de Moraes, Marcos e Paulo Sérgio Valle, Ismael Silva, Dorival Caymmi e outros.
Nessa época, o Nouvelle Cuisine era:
Carlos Fernando: voz
Maurício Tagliari: guitarra, violão
Luca Raele: piano, clarineta
Guga Stroeter: vibrafone, marimba, pandeiro

Além dos quatro, o disco conta com inúmeras participações especiais. Muitas mesmo.

Um disco classudo de um quarteto de classe, com repertório e convidados de classe. E bota classe nisso.

Milton Nascimento - Angelus (Warner Music, 1993)


Tenho para mim este disco como o Clube da Esquina 3. Por quê? Por causa do tanto de gente bacana participando e da riqueza sonora das canções aqui presentes, a exemplo dos outros dois clássicos de Bituca/Milton, na década de 70.
O disco começa dolente, com o falsete de Milton invocando a Hora do Angelus, Seis Horas da Tarde. O arrepio é inevitável. E aí entram as lembranças de cada um...
Depois da emoção (elemento presente em todo o disco), a obra tem rock (De Um Modo Geral), jazz (Vera Cruz) e até uma new age (Estrelada). Esta última tem participação de Jon Anderson, vocalista do Yes, CANTANDO EM PORTUGUÊS!

A canção Coisas de Minas tem quase tudo dentro dela: começa com uma viola caipira, depois entra uma percussão bem mineira e uma sanfona calangueada. No meio, a canção vira um blues jazzeado(!) e termina com o falsete barroco de Bituca. Parece um Frankenstein esquisito musical; mas não. Funciona de forma muito linda e harmônica.

O disco tem inúmeras participações muito especiais. Entre elas: Peter Gabriel (ele mesmo), James Taylor (isso, ele mesmo), Naná Vasconcelos (sim, ele mesmo) e Flávio Venturini (ele mesmo, uai), além de mais um mundaréu de gente, incluindo as feras do jazz Ron Carter (baixo), Jack Dejohnette (bateria), Herbie Hancock (piano), Pat Metheny (guitarra e violão) e Wayne Shorter (sax).

Enfim, um discaço. E olha que nem vou falar da versão definitiva, definitiva mesmo, da canção Clube da Esquina n° 2 e uma versão de Hello Goodbye (Beatles), com orquestra, de arrepiar.

Chega, né? Já deu pra perceber que sou fã deste disco.